Vôo branco
Lanço a alma em brusco vôo de transe e tremelico as vísceras
para o alcance do onipotente.
Em um sinal-liberdade, abarco os sons dos deuses e procuro o êxtase perdido.
Glorioso templo de carne culmina em gozo de sangue ao parir-me sem medo. E que
as moléstias morais não me aniquilem para a onda de pulsão
não cessar jamais.
Com meu pensar britadeira, quero encontrar os confins e o nada sagrado.
Festigo, eis a porra loca de meu ser rastreante.
Entre brumas e laridos em minha estréia calcitrante, abro a boca em carmim,
tejo a festa das águias e miro a tez odiosa dos seres de ferro.
O horizonte de cores que avisto sou eu.
A meia cepa de barro é meu esqueleto na lama do ideal.
Que as idéias fujam e as palavras durmam.
Que as asas fluam em meu vôo branco.
(Francisco Coutinho)
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