OLHEI PARA o que fui e não sou num choro sem lágrimas.
Olhei para todas as rimas que não podiam ser todas que a vida faz e não
faz.
Olhei para trás sem me virar:
Olhei para dentro, para o fundo,
E nascentes vi o que era e não sou.
Aquele que era outro,
Este que é outro e não o que foi,
Pois o que foi já foi.
E por não ser mais todos os dias,
Morrer para viver todos os dias,
Ainda é o mesmo
No que eternamente muda para se manter.
Já não sou
Aquela criança que sonhava que voava,
E só de vez quando sonho com aquela que amava
Dançando roda em festa de São João
Ou sendo bruxa brincando em Sabat até o dia acabar;
Ou ainda!,
Juntinhos em qualquer ocasião amarrando os dedos com as mãos
Para entrelaçar corações estúpidos.
Um olhar que paralisava;
A mudez que é para se falar com os olhos;
Gestos que a alma abraçava:
Pura utopia, besteirol de quem amava.
(Francisco Maximiano da Silva)
|