Ventos levam a criação.
Ventos levam-me versos.
Ventos levam na ventarola uma canção, e um coração.
Desfaz-se minha inspiração em pensamentos diversos.
Vôo sendo sem ser na contramão de mim mesmo:
Viagens psíquicas;
Fico só sonhando com o deleite de coisas físicas e metafísicas,
Como um beijo apanhado em algum lugar esmo.
Pego o beijo, lançado ao ar, e guardo para mim,
Na minha caixinha de lembranças - coisinha de criança - que não
quero que tenha fim.
Identificando-me ao poeta ao qual não me comparo,
Tenho escrito versos não-muito-simpáticos.
Verso a dizer que não tenho muito o que dizer.
Verso a dizer ( e que importância tem isso? ) que talvez esteja unificando-me
Àquela coisa maluca que sou eu-não-eu sendo-sem-sê-lo que
contudo é;
Talvez só ficando-me sei lá o quê.
Que é tudo isso, senão metafísica fútil dos sentimentos
fúteis?
Ora, coisas inúteis!
De que serve um poema?
E um poema(?) doido que começa com rimas e termina sem?
São todos coisas inúteis que desabam sobre mim em momentos de
lucidez difusa;
Talvez influência do maluco Frank,
E talvez por isso,
Maluco sou eu mesmo.
Leve-me vento!,
Todas as convenções e convencionadas desconvenções
também.
Traga canções!
Já!
Eu quero...
( Quero todos os Sonhos
E Amor também ).
Leve-me vento!
Leve, leve..., leve....., leve......., leve.........
Muito leve.
Leve até a consciência da inconsciência.
Vem a Noite,
Dama Bela
A trazer-me em pensamento.
Despenca-me o sono;
Eu caminhado com sonhos insanos;
Versos estranhos escritos no dia seguinte sem danos.
(Francisco Maximiano da Silva)
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