A Garganta da Serpente

Francisco Petrônio Ferreira de Oliveira

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Trama

No princípio era o nó.
E do nó fez-se laço,
Crisálida,
Gênese, avançar de vida...
Um laço mais, outro e outro:
Laços, corrente.
A malha a correr em fio,
Entre os dedos,
Como líquida poesia.
Elos fluindo.
Na sutileza da trama
Singulares desenhos se vão formando,
Livres pássaros no alvorecer da alma.
Uma rosa, outra e outra
... rosas.
Cristalizando-se o sonho de jardim
No algodão da vida.
Pelas mãos da criação,
O dedo do Criador,
Faz mover o tear. Manejo de agulhas.

À roca de fuso,
A aranha do tempo urde, trama,
Constrói sua teia; elos entrelaçados
Lã do destino.
A malha avançando
No compasso de ampulheta,
Marca os segundos da noite dos tempos.
O novelo em seu desenrolar-se
Vida que avança, no linho, no limbo, no lodo;
Rumo ao infinito:
(Finita vida breve. Efêmera).
Vão se fechando, lentamente, os pontos
Traçados vida e destino, palma da mão.
Correntes, elos, laços...

O nó final interrompe a trama:
Linha e novelo
No cesto de tricô do Criador.

No princípio era o nó. Tornou-se via, fez-se vida.
E se...

Foste nó, ao nó te hás de tornar.


(Francisco Petrônio Ferreira de Oliveira)


voltar última atualização: 24/07/2009
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