A Garganta da Serpente

Gabriel de Sousa

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"Do que sei nada aprendi
Por ninguém fui ensinado,
Desde a hora em que nasci
Tinha o destino marcado."

António Francisco Bonito

DESTINO
(décimas)

1

Fazemos planos futuros
Com vontade e com paixão,
Mas eles fogem da mão,
Põem-se atrás de muros
Em locais muito escuros.
Recordo tudo o que li,
Lembro aquilo que vivi,
Surpresas por todo o lado,
Diferentes do esperado:
Do que sei nada aprendi.

 

2

Está tudo ordenado
No corpo que habitamos.
Às vezes nós agarramos
Um momento desejado
(Que logo é transformado).
Tanto sonho inacabado
Sem levar a nenhum lado!
Vamos nascendo e morrendo,
Coisas vão acontecendo,
Por ninguém fui ensinado.

 

3

Já viemos programados
Para o Mal e para o Bem
(E para a Morte também).
Nascemos predestinados,
Vamos sendo orientados
E tudo o que eu senti,
Todas as dores que sofri,
Constavam em longa lista,
Ampliada e revista,
Desde a hora em que nasci.

 

4

Antes da vida acabar,
Terei a confirmação
De ser pura ilusão
Nossa ideia de lutar.
Não há nada p'ra mudar,
O caminho está traçado
(Nem sempre o desejado)
E quando ao fim chegar
Só poderei afirmar:
Tinha o destino marcado!


(Gabriel de Sousa)


voltar última atualização: 25/04/2017
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