O Violeiro e a Velha Senhora
Ali em frente a uma clínica ortopédica,
eu reparava na praça ao lado:
No banco tosco, arcado ao peso da idade,
um violeiro solitário dedilhava a sonora viola.
Tocava, e tocava, os sons abafados
pelo rumor dos carros que passavam.
Até os passarinhos, inúmeras espécies
que aos pés de raquítica e retorcida árvore
catavam migalhas, oferta de anônima alma,
viam-se indiferentes aos sons da viola.
Mas logo vi, numa cadeira de roda
uma velha senhora enxugando da face
as lágrimas que rolavam.
A não ser ela, mais ninguém, àquela hora,
deu pelo som que o violeiro tirava da viola.
E no chão, mais nada de migalhas...
(Gabriel Araújo dos Santos)
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