VIDA VIDA
Vida, passa vida, mais que brejeira, inóspita e implacável.
Revolvendo-nos pelas entranhas, ao sabor de sua inexpugnável imposição,
De ser obrigado viver.
Não só apenas e somente em face daqueles alvissareiros momentos,
Plenos de satisfação, de lembranças, mementos afáveis.
Ainda também quando amarga, rasgando o ventre de quem vive,
Com o furor das coisas sérias.
Levando silenciosamente consigo todo o frescor dos cálidos dias,
Que egressos vão se apagando, vão fazer parte de uma névoa
de sensações,
Loucas, pungentes, perdidas no espaço, em nosso entorno,
fazendo-se presente nas matérias, que tocamos, nos lambuzamos.
Vida, venha vida, encher-me justamente de vida.
Deixar que as delícias perpetuem,
Que o aziago esvaeça.
Que o amanhã seja ainda mais doce, capaz de acalentar o peito de quem
sofre.
Por isso escolhi viver, ainda que signifique com isso padecer,
Entre sorrisos e lágrimas, neste vasto vale de solidão.
(Geraldo Furtado)
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