QUIMERA DE INFÂNCIA
No abril de nossas vidas, onde repousa nossos mementos.
Recôndito no espaço temporal ditado pelos ponteiros.
Sinestesia de tudo o que nos é mais caro.
Com o aflato das damas-da-noite. Angélicas, crisófilas.
Sem a veleidade própria da maturescência.
Qualidade de se manter indeiscente, por convicção.
Falam dela os homens como que a um epicédio.
Lá deixaram seus mais lindos sorrisos, que emurcheceram, eterizaram-se.
Basta cerrar os olhos em devaneio, recordar e ainda poder ouvir a bela frótola.
Celestial aquele estado meninil, pungente e zoadento.
Sem fadiga, afobação, enfado ou frialdade.
Um universo em sua própria concepção de harmonia, enteléquia.
E pensar que uma vez todos fomos assim!
Como era, quando éramos assim?
Onde fora estar tal deífico ser?
Talvez agora sim, tudo seja o fato. Talvez agora sim,sejamos os tais mortais.
Aquelas eram criaturas umbráticas, inauditas, quase divinais.
Era com certeza a quimera da existência humana, que se desvanece com o
tempo,
Esse enorme rolo comprimente que vem silenciosamente esmagando o universo.
(Geraldo Furtado)
|