ESQUELETO DAS MARÉS
[[
ainda
há pouco o dia tardava & o sol anoitecia
e
o mar se respirava em cada onda que se via
eu
respirava algo tão divino que se escondia
e
foi assim que me revelou-se o que ali havia
]]
e por trás de tudo em nós
o
tempo é uno
as águas do mar (em movimento)
com
o soprar do vento
são unos nas suas ondas
(lavando
a matéria fragmentária
das
areias que brilham áureas à
luz
do sol crepuscular)
em movimento
(vindo) SEMPRE
em
movimento
(espumante)
e por trás de tudo em nós
o
tempo é uno
a consistência do que é & todo nada
(o
nada
ainda
nulo)
todo
desconhecido
insondável
do que pode vir a ser
são eternos em suas sucessões
(qual
o regime
lunar
das marés vindas)
em movimento
ondular
SEMPRE
ondular
& como as águas vindas e suas espumas vivas
o
tempo é uno
& como as coisas que são...
as
que não são
as
que se desfarão
&
as que SEMPRE serão
o
tempo é uno
dividido
contudo
[como
tudo]
diferindo
só
a consistência do que está
&
do que
ainda
não está
em movimento
(livre) SIMPLES-mente
em
movimento
(vivo)
[[
a
diferença entre o que foi & o que será
é
a consistência intensa das suas lembranças...
e
só agora e tão somente tudo está
&
todo o resto mais é simples esperança
]]
(Recife-PE, 31.12.05)
(Geraldo Vasconcelos)
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