O ÚLTIMO VÔO
O último vôo -
um vôo negro -,
da borboleta branca,
foi contra o muro do meu corpo.
Ela caiu dura,
pendurada por um fio
mental
que me conectava ao mundo.
Branca, o choque sem cor.
Eu me desfiz todo em vermelho.
E quando satisfeito,
confortável sobre o chão
duro e deitado,
ela ressuscitou.
De volta sobre o fio
(as antenas fraturadas),
recobrou sua freqüência
natural
e voou branco novamente.
Eu já era (um com a) Natureza
morta,
era expressão perdida entre os ecos
das vozes
nos ventos
dos tempos
do esquecimento.
Além de negro
eu era odor
da cor
do podre
recoberto por borboletas
e outros fios
de toda cor.
(Recife-PE, 25.03.05)
(Geraldo Vasconcelos)
|