A Garganta da Serpente

Geraldo Vasconcelos

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

O ÚLTIMO VÔO

O último vôo -
um vôo negro -,
da borboleta branca,
foi contra o muro do meu corpo.

Ela caiu dura,
pendurada por um fio
mental
que me conectava ao mundo.

Branca, o choque sem cor.
Eu me desfiz todo em vermelho.

E quando satisfeito,
confortável sobre o chão
duro e deitado,
ela ressuscitou.

De volta sobre o fio
(as antenas fraturadas),
recobrou sua freqüência
natural
e voou branco novamente.

Eu já era (um com a) Natureza
morta,
era expressão perdida entre os ecos
        das vozes
          nos ventos
      dos tempos
       do esquecimento.

Além de negro
  eu era odor
          da cor
   do podre
recoberto por borboletas
e outros fios
         de toda cor.

(Recife-PE, 25.03.05)


(Geraldo Vasconcelos)


voltar última atualização: 09/03/2007
9291 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente