Celminha!
Com música eu fico mais à vontade para brincar com determinadas
subjeções - um tal de "abstrato" que temos medo de chegar
perto, por que nos moldaram para não sentirmos coisas que tocam e explicam
o imaterial, o espírito; expressões subjetivas como "encontro
ainda esse amor". O amor que quase ninguém experimenta fora das
novelas ou filmes, pois esses não comentam o que acontece depois do final
feliz ou, só o comentam em outras produções (que se
vendam). Diga-se de passagem que o final feliz está também
intimamente ligado às vontades do estereótipo; do bonito; do heróico;
dos reis europeus; dos plebeus humildes com descendência real; das fadas
branquinhas como leite; dos que não têm necessidade de esperar
o fim do ano para ficarem felizes; dos que têm neve no natal e, não
precisam contar trocados para comprar pão.
A palavra que mais cabe agora dizer é "encontro". Abraço
essa palavra e a uso em textos, falas; tento compor alguma canção...
por que ela me significa uma certa harmonia e tem um certo ritmo e é
exatamente o que está ocorrendo entre nós. O que se figura nos
contos ou nas produções cinematográficas pode não
estar longe da nossa realidade, se tomarmos como idéia principal, a felicidade.
A felicidade pode estar caracterizada para uns, como brincar na neve enquanto
espera seu pretenso par; cavalgar pelas pradarias ao encontro da amada; cantar
e dançar na chuva; sair da condição de anjo e virar humano
para experimentar esse amor percebido por nós: homens e mulheres que
procuram encontrar alguém em algum tempo ou algum lugar. Podemos
ser felizes pela simples condição humana de procurar; de estar
ao lado um do outro, até com a falta de vale transporte para tomar um
ônibus. Podemos ser felizes como são os astros de cinema - com
seus cachecóis, cabelos e olhos brilhantes. Por que nos encontramos
e nos vislumbramos em sorriso, com todas as nossas falhas e faltas. E brilhamos
quando "escolhemos" estrelas. Vou lançar mão da fórmula
de Gilberto Gil: ...o melhor lugar do mundo é aqui e agora! E
acrescentar que é aqui, agora e com você. Com chuva, neve, estio,
vento em qualquer estação e, em qualquer direção.
Eu posso declarar que encontrei em você, tudo que qualquer personagem
de qualquer filme, livro, teatro, tele-novela ou qualquer outra produção
artística tenha procurado.
Tem alguém que está em algum lugar regendo o tempo, o espaço,
as coisas que nos rodeiam; que está nos alternando, fazendo-nos compreender
a existência. Penso que essa compreensão não nos é
imediata; talvez nem sequer venhamos a entender muita coisa nesse plano. Mas,
acho que podemos nos arriscar e tentar pelo menos entender que esse nosso encontro
pode ter sido um presente dado pelo que alguns chamam de destino, causa, efeito...
sei lá qual é o termo desse movimento! Prefiro acreditar que só
pode ter sido um presente de Deus. É isto! Só pode ter sido a
intervenção divina, essa sua presença. Parece-me que passei
por um naufrágio (com tempestade e tudo) e fui parar em uma ilha que
me fez acreditar que ainda pode haver bonança, depois de algumas provações.
Isso responde algumas de minhas dúvidas quanto ao equilíbrio das
coisas.
Acho que todos merecem seu conto de fada, mesmo sem cavalo branco, princesa,
príncipe ou encantamentos e, independente dos finais pré-concebidos.
Por que as pessoas devem se encontrar, como manda os princípios da vida.
Daí pra frente só depende de como elas concebem o significado
dos encontros. Então, já que encontramo-nos, devo agradecer a
todos os significados; toda a sinergia provocada pelos elementos; ao universo;
ao tempo e a Deus, por ter-me colocado em sua direção. Espero
poder corresponder com essa beleza em simplicidade nobre que você tem
e com a calmaria que me passa.
Amo-te em tempo integral.
(Geslaney Brito)
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