A Garganta da Serpente
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Na morte

Na morte quero ver a vida,
ser dançada em frente a minha vista.
Choros, risos e memórias,
filmes, músicas e histórias.

Heróis, vilões e desejos incertos,
tudo, nada e porquê não, um incesto.
Todas as fugas e todos os paraísos,
os lugares e coisas, os achados e perdidos.

Na morte quero ver você,
que nunca conheci, mas sempre quis ter.
De olhar misterioso, um sei lá o quê,
meio de Eros e Psiquê.

Estradas e reinos, muitos e poucos,
cantando minha canção, a canção de um louco.
Um bardo perdido, uma amante bacante,
um assassino enfurecido, uma dor lancinante.

Na morte quero ver a resposta perfeita,
de todas as perguntas não feitas.
Reconhecer as chaves de cada porta,
as expressões certas, de cada língua, mesmo que morta.

Uma busca encerrada no momento exato,
um dever cumprido, mesmo no sentido chato.
Um sim e um não, ambos comprimidos,
dentro de um único e paradoxal sentido.

Na morte quero ver a realidade,
expressa em toda verdade.
Na morte quero ver tudo,
mas não quero ter nada.


(Gil)


voltar última atualização: 04/07/2002
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