PARTO POÉTICO
Ultimamente
os pés
não respiravam chão
só o ruído dos passos
roçava o silêncio
Enfeitou-se de estrela
a brincar de astro esquizofrênico,
-sua droga:
a doravante luz
que queima os olhos
de quem se enclausura.
Calou-se
num desejo puído de grito
explodiu
besta de rir
na falta de comuns
matraqueou sandices com as paredes
pariu
enfim
um rio
de águas cegas
puerperal loucura
o espera
no parto prematuro
de sua poesia.
(Gilberto Felinto)
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