VOZES AMORDAÇADAS
migalhas de nós
restaram
vozes amordaçadas
Um espírito de mundo
que extravia os segundos
depende do abismo
e se prende as dissonâncias
tece no furor da ânsia
sua alquimia de horrores
agulha que desfia
os escombros
da alma enfeitiçada
poucos retornam do labirinto
de suas trevas interiores
poucos encontram oásis e deuses
no deserto de suas vidas
não entendem
os vestígios
as vertigens
a sumição do abraço
o enigma
que a harmonia tece em cada aflição
o ruído tênue da esperança
ante a balbúrdia dos corpos
que devoram segundos
maquiando o sorriso
repentino ópio da jovialidade
os pormenores do dia
que sumiram dentro do olhar
à cegueira precisa de sua ambição.
(Gilberto Felinto)
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