O ÚLTIMO AMANHÃ
Ainda cedo
as ruas acordavam
úmidas de medo.
Arfavam em seus pulmões de piche
vapores de pés insolentes.
Desafiavam
a cortina de dores
nuvens grávidas de inundação
Esperavam céticas
a sinfonia dos trovões.
As janelas atônitas
se lançavam do alto
Morreriam abertas
Escancarando a nudez lusco-fosca da tarde
que abraça a estranha inércia
do último amanhã.
(Gilberto Felinto)
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