Paixão de um órfão
Como a vida, eu sou mais um que passa.
E se eu passasse pelo teu corpo
percorreria todos os teus caminhos;
e se eu fosse um pássaro que pousasse nos teus olhos,
com minhas asas, encobriria o teu rosto.
Se desse um jeito e ser gente,
abraçaria toda a tua humildade; e
se fosse um homem condenável, em minha iniqüidade,
me esforçaria prá deixar de ser demente.
Como pouco resta de uma mente;
como nada sobra de bondade;
como a vida agrava meu desgosto,
eu consumo toda esta devassa;
eu desprezo todos os carinhos
e já não me engano com a verdade:
Nada me reprime a contragosto.
Tudo está prá lá de decadente!
Como a mãe calada eternamente!
Como a mãe calada eternidade!
(19 jun 1977)
(Gilvan Castro)
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