ALMA ABSOLUTA
Eu era pura claridade,
Voluntária da batalha da vida.
Por instinto, não chorava,
E a parte que me cabia
O mar devorou.
Eu era como o cristal
Ainda larva:
Nada menos
Nada mais;
Um pouco de todas as cores,
Às vezes, como os corais.
Mas a ascendência dos meus neurônios
É de poetas, bruxos...
E a marca do impossível
Levou para outras terras,
Meus dias,
Em navios negreiros.
Sei que em alguma estrela
-planícies de mar e mar-
figura a calma e a eterna amplidão.
E eu etérea,
Deslizo na noite
-incendiada e crepuscular-
e celebro os séculos,
os enredos esquecidos.
E toco a carne,
Que a alma já absoluta,
Atravessou o tempo
Na música inventada.
(Giselle Del Pino)
|