A Garganta da Serpente

Giulia Dummont

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Sonho

Pobre de mim que te encontrei agora,
numa curva longínqua da existência.
Onde andava teu coração naquela hora?
Talvez dentro do peito, adormecido,
talvez sonâmbulo, numa estranha ausência.
Onde andava o teu coração perdido?

Foi preciso que eu visse os defeitos humanos,
as misérias dos outros, em toda a parte,
para achar o coração perdido há anos.
Foi preciso conhecer o vilão e o covarde
para saber que eras corajoso, sem alarde.
Onde estavas que não pude enxergar-te?

Fizeste-me teu amor - sei que sorristes
e eras doce, forte e moreno.
Sei que te dei minhas mãos - tão tristes.
Por que? Talvez porque no teu rosto moreno
houvesse algo de cigano, de mistura
como a suave e mística ternura
do rosto de um esquecido nazareno.


(Giulia Dummont)


voltar última atualização: 26/03/2009
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