QUISERA EU A LUA...
Aaah! Quisera eu ter simples palavras
Para dar a entender aos iletrados
A expressão da força que me impulsiona
E responde por mim enquanto escrevo estes versos.
Quisera, eu, ter nascido primeiro
Para ter descrito o que não pode ser dito,
Falado deste sonho imortal que toda alma busca,
Antes mesmo que o limbo tivesse existido.
Não a abandonaria neste negrume infinito.
Eu teria bradado em versos as estrelas!
A colheria em meus braços,
Montado em uma carruagem de nuvens
E, assim, não vê-la minguar de tristeza.
Todo dia seria sábado, toda tarde vermelha
E se chuva caísse de teus olhos, eu juro:
Do mais alto cume trovaria o que sinto
Arrancaria meu coração do peito
E te esconderia lá dentro.
Me vestiria de melancolia florida,
Te roubaria da terra, provocaria um eclipse eterno,
Te daria todo calor do meu corpo,
Queria, somente, ser seu sol,
Quisera tu, a lua, ser minha!
(Guaraci Pachú)
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