Poema mórbido ao mar
Vou me jogar no mar. Eu vou
Morrer sob o barulho das ondas,
Com o gosto salgado das águas na boca.
Vou me jogar e deixar minha canoa assim,
Vazia, sozinha, com os remos caídos
Sem ter ninguém pra guiá-la.
Vou me jogar no mar, sem ligar pras previsões.
Vou morrer e ponto final.
Afinal, sou só um pescador, um pescador...
É linda essa paisagem, não? Azul sobre azul, céu e mar,
E ainda uma lua cheia pra enfeitar a perfeição,
Melhor paisagem pra morrer não há.
Vou morrer sob o mar, lá no fundo, bem no fundo,
Enterrado sob as areias do mundo
Do mar.
E para o meu velório, só uma estrela
Do mar
Vai comparecer.
Agora, caro leitor, me desculpe,
Mas, meu [morto] amor está a me esperar,
Lá no fundo, bem no fundo,
Do meu mar.
(Guilherme H. Miranda)
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