A Garganta da Serpente

Guilherme Ribeiro Rayol

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

VENTURÃO

Em grande problema agora me vejo:
Definir sua beleza completa -
Nem eu, transformado em um poeta
julgo-me como capaz de fazê-lo .

Se o fizesse deixaria aberta
porta de poetas ao desemprego
Nosso tempo literário inteiro
Queimaria como carvão, na certa

Em outros tempos, mataria Sócrates
de fome. Faria de Aristóteles
guerreiro. Astronauta, de Platão.

O melhor poeta é o que sofre
Não sabes, mas destes um dom enorme
A quem tem ao lado a solidão.

Perguntaram que achava de ti
respondi que nada acho, me perco
se refletido seus olhos, cabelo
adrenalina como nunca vi

Palavras me escorrem pelo dedo
No piar do pássaro te ouvi
Na queda duma gota de senti
E frases sem sentido escrevo.

Minha dor escorre neste papel
Há quem ache doce esse meu fel
Mas só espero que não me esqueça

Guarde este papel no travesseiro
Ou na velha gaveta do banheiro
Ou leve sempre consigo, princesa.


(Guilherme Ribeiro Rayol)


voltar última atualização: 16/09/2002
6939 visitas desde 01/07/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente