Mar Alto
(Poema dedicado a minha colega cooperante Irina
e baseado nela e na música Nada a Perder de Mão Morta... )
Acendi um fósforo já meio aceso,
bem para lá de estar meio apagado.
E esperei que ele derretesse,
que ele se apagasse,
que ele me queimasse,
antes que alguém chegasse!
Sinal de aviso de navio a afundar,
quando só se tem uma garrafa para beber...
e uma mulher para amar...
...e quando já nada se tem a perder...
Insurgiste em minha longitude meridional,
com um brilho talvez murcho nos olhos.
Sem aviso...sem farol...sem sinal,
irrompeste por mim adentro!
Navegas agora num mar,
Chamado alheio,
ou alienação,
ou mesmo sorriso,
pela paixão!...
...á mercê do vento...
Se Deus Neptuno parar de soprar a teu favor?
Vais-me deixar á deriva?
Vais-me deixar afundar?
Não sucumbo ás ondulações...
...ás tempestades...
...mas sucumbo ao amor...
Preciso agora de um sinal de aviso antes do navio afundar.
Quando só se tem uma garrafa para amar...
...e uma mulher para beber...
...e quando tudo se parece perder...
Tua retina neónica,
já não é a mesma,
desde o grande mergulho,
que deste em minha pessoa!
Sendo eu essa pessoa...
Só me permito de mim, de ti, de nós...
...ter orgulho!
Afundámo-nos os dois em mar alto levados por uma corrente movediça,
que nos sugou para o fundo, quando Neptuno e seus quatro ventos lacaios deixaram
de soprar...
...e algum de nós deixou de amar...
(14-05-02)
(Guilherme Rebelo)
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