A Garganta da Serpente

Guimarães Júnior

Luís Caetano Guimarães Júnior
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Londres

Como um gigante suarento, dorme
Nos pardos mantos d'uma névoa estranha,
A Cidade opulenta em cuja entranha
Rasteja a fome como um verme enorme.

Dos lampeões à dúbia claridade,
Passam, repassam vultos cautelosos:
Este procura no mistério os gozos,
Procura aquele um pão, na realidade.

Contra o cais solitário o rio escuro
Geme convulso e espuma,—e novamente
Volta a gemer, de encontro ao velho muro;

Retine o oiro:—vela a Indústria ingente,
Cresce a miséria, e aumenta o vício impuro...
Oh milionária Londres indigente!


(Guimarães Júnior)


voltar última atualização: 30/05/2017
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