A Garganta da Serpente

Hanjo

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Desejo de morte.

Estou sofrendo hoje
Overdose de desprezo por tudo que há em mim.
Um frio repetitivo nos ossos reavisando uma fantasia de morte.
Estou sofrendo hoje.

Há muito uma lamina cortou minha alma silenciosa
E retirou dela gotas de sangue púrpuro,
Gotas de veneno de cor púrpura.
Orvalho maestro da noite que se acaba,
Madrugada de um enfermo moribundo.

Inferno, lua no alto da fronte de um deus descabelado
Enciumado por tua beleza duradoura e aterradora. Senhora ultima fantasia.
Diz um poema minha querida em meu ultimo descanso,
Diz uma musica cantada e falada e cheia de amor e pouco conhecida,
Diz uma canção em minha triste hora, diz minha bela e eu serei feliz.

Estou sofrendo hoje o que já sofria ha mil anos,
Vontade de se acabar em prantos e enrolado em mãos silenciosas
E adormecidas, em mãos de noites e despedidas em mãos de morte
E em mãos tão pouco fracas e fortes e soluçantes. Estou perdido hoje, minha amada.
Estou indo na direção oposta daqueles que vão na direção oposta.
Estou sofrendo uma amargura obsessiva e uma morte andante,
Uma morte falante e uma morte em vida contínua.

Diz então uma canção confortante e sem gesto algum,
Sem dor alguma, sem voz alguma e sem medo algum.
Diz minha amada um poema de vida e um beijo de anjo,
Diz com seus olhos que estará aqui e mudara o silencio,
Diz que já não há tormenta e não há desculpas.
Diz uma musica eterna e me imunize das sombras.
Diz um gesto pequeno e me enterre no sal dos fantasmas delirantes.
Diz adeus então e diz que eu fui e não fui pouco, fui em vão.
Estou sofrendo agora um instante qualquer em uma noite qualquer,
O que já sofria há mil anos, desejo de morte.


(Hanjo)


voltar última atualização: 11/10/2005
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