Cosmopolita
Um ponto cosmopolita avista uma estrela no infinito
Traça um plano de risco
E dispara em linha reta
Cumpre sua órbita pitoresca...
"Em você, tudo aquilo que não sou
Em seu beijo, tudo aquilo que eu quero
Em nossas diferenças, o desejo se revela
Em toda parte do seu corpo
Cada norte que se entrega
Assim é o quadrado do inverso
O cateto de toda sofreguidão
Na simetria de nossos corpos
No compasso da emoção
O amor quase geométrico
Invade e se espalha, circunferente
Preenche os esquadros vazios
Nos cerca por todos os lados
E aos poucos se torna inerente!
E quando se está contido nesse abraço
Como parte de um todo
Ele escorrega pela tangente
Caleidoscopicamente
Como um polígono poligâmico
Um raio de fosco diâmetro no vácuo do adeus."
... E o ponto, plangente
Recolheu os cacos de sua engenhoca
Rabiscou outro castelo, numa inércia comovente
Seguiu para mais uma jornada
De estrondoso cômputo paralelo.
A cidade é Marte de um sonho
O coração, um triângulo obtuso
Que tenta se encaixar num carrossel de nuvens.
(2º lugar no Concurso "São Paulo Quatrocentona
- A Palavra da Metrópole",
publicado em antologia homônima da Editora Litteris - RJ, 2005,
lançamento da 19ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo
- 2006)
(Hebert Lincoln Carvalho)
|