A Garganta da Serpente

Hebert Lincoln Carvalho

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Cosmopolita

Um ponto cosmopolita avista uma estrela no infinito
Traça um plano de risco
E dispara em linha reta
Cumpre sua órbita pitoresca...

"Em você, tudo aquilo que não sou
Em seu beijo, tudo aquilo que eu quero
Em nossas diferenças, o desejo se revela
Em toda parte do seu corpo
Cada norte que se entrega

Assim é o quadrado do inverso
O cateto de toda sofreguidão
Na simetria de nossos corpos
No compasso da emoção

O amor quase geométrico
Invade e se espalha, circunferente
Preenche os esquadros vazios
Nos cerca por todos os lados
E aos poucos se torna inerente!

E quando se está contido nesse abraço
Como parte de um todo
Ele escorrega pela tangente
Caleidoscopicamente
Como um polígono poligâmico
Um raio de fosco diâmetro no vácuo do adeus."

... E o ponto, plangente
Recolheu os cacos de sua engenhoca
Rabiscou outro castelo, numa inércia comovente
Seguiu para mais uma jornada
De estrondoso cômputo paralelo.

A cidade é Marte de um sonho
O coração, um triângulo obtuso
Que tenta se encaixar num carrossel de nuvens.

(2º lugar no Concurso "São Paulo Quatrocentona - A Palavra da Metrópole",
publicado em antologia homônima da Editora Litteris - RJ, 2005,
lançamento da 19ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo - 2006)


(Hebert Lincoln Carvalho)


voltar última atualização: 03/07/2007
5265 visitas desde 13/06/2007

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente