A Garganta da Serpente

Heinrich Heine

Christian Johann Heinrich Heine
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

O Navio Negreiro

Música! Música! A negrada
Suba logo para o convés!
Por gosto ou ao som da chibata
Batucará no bate-pés”.

O céu estrelado é mais nítido
Lá na translucidez da altura.
Há um espreitar de olhos curiosos
Em cada estrela que fulgura

Elas vieram ver de mais perto
No mar alto, de quando em quando,
O fosforear das ardentias.
Quebra a onda, em marulho brando.

Atrita a rabeca o piloto
Sopra na flauta o cozinheiro,
Zabumba o grumete no bombo
E o cirurgião é o corneteiro.

A negrada, machos e fêmeas,
Aos gritos, aos pulos, aos trancos,
Gira e regira: a cada passo,
Os grilhões ritmam os arrancos

E saltam, volteiam com fúria incontida,
Mais de uma linda cativa
Lúbrica, enlaça o par desnudo –
Há gemidos, na roda viva.


(Heinrich Heine)


voltar última atualização: 07/06/2005
8273 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente