Deuses Constelados- poesias do 1711
Na segunda você acorda e ainda é lua,
Gira e rodopia pela cama,
Ainda sonha e anda nua pela rua,
Terça coloca uma faca na cinta-liga
Duas pulseiras largas no ante-braço
Sai a pé depois das dez e vira dona do pedaço
Quarta, escreve cartas e as entrega por conta própria
Encontro-te no meio de qualquer estrada
E vesga, lume no escuro da encruzilhada
Quinta acorda reluzindo, toma banho de mel
Marca 11 encontros , outorga 17 mortes
De noite rapta as virgens e faz que sangrem no céu
Sexta é sempre a mais bonita, no ar um cheiro de mar,
Abraça seu filho e lhe dá conselhos e asas,
Procura o mais belo dentro de todas as casas
Sábado é sempre soturna
veste-se de preto e se tranca no quarto
pensa enquanto cala, e tarde dorme numa urna
Domingo vai ao parque com a molecada
Desfaz-se de todos seus crimes
E numa pirueta tem de volta sua alma iluminada...
(Heloisa Galvez)
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