Metros de chuva
Não posso dizer-te se a chuva passou
Nem se lágrimas deixaram de brotar
na minha face então fria.
Nem se tempestades cessaram seus cantos brios
nas noites cinzas de ventania.
Não posso dizer-te se esqueci
Nem tampouco se me lembrarei.
Não posso dizer-te se sofri
Nem porquanto se te amei.
Quisera ter a bússola do tempo
ou um paiol do teu alimento.
Quisera ter o discernimento
pra sustentar o meu riso e o teu lamento.
Mais... se chegasse ao meu domínio
trataria de recusar:
De que me vale tal envaidecimento?
Se o meu barco segue sempre a vagar?
Mas, se fosse pro teu encantamento
eu rezaria até formar.
Uma tempestade de firmamento
com metros de chuva à luz do meu riso e do teu luar.
(Hercília Fernandes)
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