A Garganta da Serpente

Hercília Fernandes

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Vento epistolar

Foi-se o vento
Foi-se a alegoria
Foi-se o fragmento
Foi-se a pasmaria.

Foi-se o mar
A tempestade e seus vendavais
Foi-se o luar
A maré cheia e os óculos assaz.

Fez-se o adeus
(sem medo, sem coragem)
Fez-se como Prometeu
À rocha da humanidade.

Foi-se, fez-se...

com água, a fronte
com fogo, o olhar
com terra, o lume:
O vento epistolar.

(Foi-se, fez-se...)


E daí?

Esqueceram de mim...
Esqueceram de mim...
E daí?

Esqueceram de mim
E nem por isso rosas deixaram de desabrochar
Nem pássaros verdes perderam o canto
Nem percevejos os espantos.

Mas...
Esqueceram de mim!
E apesar dos não-escândalos
Eu ainda clamo certa dança profana
com ases e valetes dos falantes, mudos e surdos
bazares, paralelos, dos bons e maus subterfúgios.

Mais...
esqueceram de mim:
Madrugada!
E daí?!


(Hercília Fernandes)


voltar última atualização: 12/10/2007
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