A Garganta da Serpente

Herman G. S. (Niko)

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A Cura

Na composição destes fraseados plenos
Dispo-me das intenções tal como dos ternos
Descalço também os sapatos que outrora
Já foram mais bem lustrados
E que tornaram com estes passos
Meus pés calejados

Aposento uma gravata que vivia a enforcar-me
Liberto a cabeça deste chapéu velho e surrado
Sua sombra já não é mais tão útil assim
Quero brincar em pelo, nu e verdadeiro

Não choro a liquidação do velho ultraje
Estou de roupa nova, de nova pele
Volto ao espírito errante que reage
Dentro de um corpo cansado e distante
Encontro-me novamente com meu sexo primitivo
Sinto-me outra vez vivo

Hoje farei nada
Talvez cantarolarei aos céus
Não glorificarei a deus algum
Venerarei-me ao espelho
Comemorando minha volta

Esqueço que existe o mundo lá fora
Tomo o tédio como diversão
Sem precaução, vivo a poesia impura
Junto o inútil ao desagradável
E teço estes versos sem cura


(Herman G. S. (Niko))


voltar última atualização: 26/12/2007
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