A Garganta da Serpente

Hugo Pavan

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ROSAS SÃO NEGRAS
 

Violinos criam melodia fúnebre

O cheiro de flores é horrível

Está tudo bem quanto a isso

Mas há algo no caminho

folhas mortas, de uma década morta

De um tempo sem amor

De demônios na cidade

e de escuridão dominadora

Está tudo certo quanto a sentir

Grande talho há no tempo

Não acho que possa tolerar isso

Trajeto vem à mim

Exército de crianças hipnotizadas

querem brincar na praça com todos os demônios da cidade

Eu não me importo

porquê isto é apenas folha, folhas secas e mortas

estas crianças são algo que eu não entendo

eu realmente não entendo

Hoje, as rosas são negras

Um buquê que lhe ofereço

é todo de rosas negras

rosas ainda frescas

Colhidas no bosque da solidão

Trajeto fúnebre vem a mim

vem negro

Sussurra em meus ouvidos coisas horríveis

Não se deve mais saber de amor

Não há mais amor

Não se entende o que aconteceu

a água se tornou vinho

o sol se tornou noite

Hoje, vê-se uma nuvem em forma de foice

Prontinha para colher-nos.

As crianças cantam tão alto

Dizem, nós amamos e odiamos todos os demônios da cidade

Via-se pessoas morrerem

em seus túmulos, rosas todas negras

estou com medo do sol

e das crianças, pois hoje de manhã

Minhas rosas amanheceram todas negras.


(Hugo Pavan)


voltar última atualização: 01/05/2000
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