A Garganta da Serpente

Humberto Firmo

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Calango do cerrado

Eita cerrado quente,
Secura rachando os lábios
O crânio esquenta por dentro
O calango dá um salto
E a poeira fica entre os dentes.

Agosto, Setembro, Outubro.
O redemoinho gira no centro
A poeira reveste a gola
E a saliva vira cimento.

Olhando pro céu limpinho
Dá uma tontura danada
É céu pra tanto lado
Que a nuvem não vê morada.

No asfalto, feito miragem,
Brilha um rio fervente.
E o que se vê entre os blocos
É Calango virando gente.


(Humberto Firmo)


voltar última atualização: 07/07/2010
6288 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente