A Garganta da Serpente

Iara Assessú

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O cordão de Abá velha

Abá diz que não vinga o passado
Que é um pardo pra se carregar
Quando pensa em passar um acaso
Um cavuco pra se cavucar
Ela faz seu vestido pesado
Empestiado de zés e russeous
Na bainha um segredo estampado
É o mistério do mundo em nagô
Magoou quem não pensa floresta
Com a cor que não pensa cristão
Preferiram esconder a carranca
Disfarçaram de santo o cordão
Abá tem os cabelos de dança
Com o aroma do sol de xangô
Tem o som de oxum nas crianças
Com os pés que ogum batalhou
Quando Abá conta penas de pato
Perde a conta que conta yemanjá
Conta terço pra rezar trindade
Com a pomba que é de Oxalá
Lá em casa Abá olha longe
Só não enxerga o dia passar
É que o dia passado é pardo
E Abá velha não quer cavucar.


(Iara Assessú)


voltar última atualização: 09/03/2007
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