A Garganta da Serpente

Inaldo Tenório de Moura Cavalcanti

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Tratado à Lágrima

A que te anuncias:
és dor ou felicidade?
És espelho nu
mostrando a face única;
és a face oculta
do espelho gerador.

O riso te provoca
A dor te excita.

Sem fórmula surges
do âmago humano
na sobra fictícia de
um sensível ser a arder
no berço da criação.

Sem cor despontas
entre cores ímpares
em faces rústicas
do braçal lutador.

Quem és a desmontar
a máscara de ferro
do homem-máquina
na avançada espécie
esquecida de se compadecer?

Teu brilho acende a
esperança de um mundo
encapado e corcunda
a acordar do profundo sono
para ver o sol nascer.

A composição não interessa
nem mesmo o canal
que irriga o olho do ser
alheio ao caminho trilhado.

O sal tempera a pele
e fertiliza os poros
no pôr-do-sol
de um dia qualquer.

Por que foges?
O sol não nasce mais
                a contendo
os pés não pisam mais
                o terreno
da poesia ao entardecer.

Mas sempre voltas:
no nascente ou no poente
nos gritos do silêncio
na dor que perfura a força;
e deslizas timidamente
na veracidade da face
do espelho de ser.
Mel e sal a acender a vida.


(Inaldo Tenório de Moura Cavalcanti)


voltar última atualização: 19/09/2006
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