Necessidades

De sol a sol somos conduzidos
pelos nossos pés ao entediante trabalho: somos pobres

Precisamos de ar, de dinheiro, de lares
Temos que encher a geladeira e fazer as crianças felizes
Temos que pagar pra ver sorrisos e copos cheios
Noite após noite, somos induzidos
a procurar alguém: estamos sós

Queremos estar ao lado,
sentir o cheiro, o calor
Assim, nos colocamos à tua mercê,
te buscamos, cegamente,
Entre luzes coloridas e sons estridentes,
queremos te ter

E, quando não houver mais necessidades,
sentaremos sozinhos ao lado das nossas resignações
Em meio à solidão de seres,
Mergulharemos no vazio da reflexão
Não haverá tormento, nem gloria,
apenas o insípido silêncio da realização.

(Jacaré K)