A Garganta da Serpente

Jayro Luna

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As Portas da Percepção

(para Baudelaire, Huxley e Jim Morrison)

Para Gertrude Stein, uma rosa é uma rosa;
Mas, aos meus olhos, esses 4 pés de cadeira
Formam mais do que uma pálida catacrese,
Vejo o arcanjo São Miguel e vários anjos
Van Gogh, no seu quarto, viu sua cadeira deformar-se
E evaporar-se desmaterializando-se inequivocamente...
A textura da flanela e as cores dum quadro de Botticelli
Me deixam extasiado tanto quanto El Greco ou Bosch!...
Ver o dharma-corpóreo em Cézanne ou em Vermeer me parece natural...
Meu caro Blake, a minha Weltanschauung tem pele de tigre...
Ouço um madrigal de Gesualdo e imagino mixá-lo a um solo de Leslie West... Tudo é maravilhoso e terrífico!
Sensações celestiais de esquizofrenia!
Eis a Serena Luz do Livro Tibetano dos Mortos?
Cruzando a Sunset Boulevard ou a Ipiranga com São João
Tudo a minha volta se metamorfoseia em flashes e fragmentos!
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Vi, ontem, de relance, da janela do jeep na Belém-Brasília,
Já na altura do limite do Pará com Goiás,
Um velho xamã indígena fumando seu petam,
E que ao me ver, fechou a porta de sua choça...
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Dodona, Éden, Yggdrasil...
Ilha do Brasil!
O Paraíso está sempre longe,
Num continente perdido prestes a naufragar
Como uma nova Atlântida!


(Jayro Luna)


voltar última atualização: 14/09/2005
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