A Garganta da Serpente

Jayro Luna

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Escuta, Zé Ninguém!
Ready-made extraído da obra homônima de Wilhelm Reich

"Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém
Aqui embaixo as leis são diferentes
" Biquíni Cavadão.

Desejas apenas
Que cesse o teu sofrimento milenar...
Nem entendes, Zé Ninguém,
Que és tu,
Tu,
Na tua irresponsabilidade,
Na tua tacanhez,
Na tua incapacidade de refletir,
Nos teus axiomas eternos...
E é assim que tu desatinas,
Zé Ninguém!
Tu devoras a tua felicidade!
Os grandes cientistas, poetas e homens de sabedoria
Fugiram da tua companhia!
Pára com isso, Zé Ninguém!
Pára um minuto, Zé Ninguém!
Tu sabes e eu sei e todos sabem
Que tu vives num permanente estado de frustração!
Construíste sobre a areia
A tua casa,
A tua vida,
A tua cultura,
A tua civilização,
A tua ciência,
A tua técnica,
O teu amor,
A tua educação...
O teu amor cristão,
O teu socialismo,
A tua constituição americana...
Toda a tua vida é miséria!
Eu não agito o povo,
Mas sim a tua confiança em ti,
A tua humanidade!
Tu és o Nada, Zé Ninguém,
O Nada Absoluto!
Vem comigo, Zé Ninguém!
Vou mostrar-te alguns quadros
Da tua vida cotidiana!...


(Jayro Luna)


voltar última atualização: 14/09/2005
13182 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente