A Garganta da Serpente

Jeff Vasques

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Subverso (2005)

em algum lugar
dentro
te espero

fecho olhos
(e novamente os fecho (por dentro))

aguardo
humilde
(sob a chuva que te incandesce)
teu cheiro incerto
de cascas,
folhas,
restos...

Foi longo o exílio...
e o tempo
cinza
como pó de mortos na garganta
fez
de minha língua
um silêncio grosso

de gosto estéril

Mas agora
ajoelhado sobre
o que me resta
aguardo
sereno
circunflexo

e me ofereço
corpo
a tua desordem

e me ofertando
num véu branco de vento e silêncio
solitário...
sim
solitário e inteiro
sei que surgirás
veludo clandestino em meu peito

e entorpecerá meus olhos
e sussurrará desejos
e abrirá meus lábios
com seus lábios
dentro

e assim

labioslambendo
um
a
um
meus doces medos
geme
(subversiva!)
essa palavra
no verso de minha língua:
Vida!


(Jeff Vasques)


voltar última atualização: 18/05/2007
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