A Garganta da Serpente

Joana Prado

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Melodia

Toque uma música ao sentir meus passos
Alongue-a, ao tocar-me decidido
Envolva-me num longo abraço
Como se recuperasse um tempo perdido
Toca uma canção suave, ao longe
Como nas madrugadas nuas
De ruas ermas e sons errantes
Toque uma melodia que embriague a lua.
Diz ao meu ouvido uma ária delicada
Fecha meus olhos com beijos suaves,
cala-me a boca, não me digas nada
que não sejam notas de murmúrios e desejos!
Cantarola baixinho algo que eu não entenda
a letra e nem deduza o tema,
deixa-me pairar sobre a melodia
e mergulhar no que seja o poema,
acompanhar a brisa num balé impune
que não tem limites, separa e une
inflama, encanta, afaga..
E com embevecido olhar, como um raio,
ilumina minha dança no ventre único,
concha flamejante, delirante,
indivisível, convidativo, lascivo,
puro, latejante, e fruto maduro
doce, perfume, cores atraentes,
e a dança, a música, as notas,
as mãos em deslize audacioso,
a melodia sussurrada ao ouvido
com palavras desconexas....
sinceramente? Nada importa!
Neste encontro primeiro,
cantarola uma canção,
Neste instante derradeiro!


(Joana Prado)


voltar última atualização: 01/08/2007
14169 visitas desde 01/07/2005

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente