A Garganta da Serpente

Joana Prado

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Agora é sempre

Vem, vamos embora
A hora é agora
O presente é a única certeza
O resto é lembrança,
Entre um lapso e outro
de memória!
Vem, vamos ao cinema
Façamos um poema.
O presente é agora
E nem sempre o futuro será!
Vem, molha os pés na fonte
Solta uma pipa sem destino
Livre, no horizonte!
Vamos sorrir juntos,
As marcas? São rastros
Mortos no pó da estrada..
As mágoas são nossas crias.
Tira-lhes o alimento, e como mãe perversa
Nega-lhe o peito, seu alimento dia a dia.
Vem, corre pela praia, sem medo da areia
Acorda perdão e dorme tolerância,
Porque somos apenas humanos
E o nosso tempo é hoje
E a cada hora ida perdemos uma chance
De afastar de nós a dor, o medo
Que nos acompanha do nascimento à morte.
Vem, abre os braços num puro abraço
Como se despedir-te fosse,
Mas sem lágrimas, com certeza da volta.
Vem, não é justo perder o poder
Que temos de sorrir, de andar
De olhar ao redor, de contar uma historia
De ouvir outras tantas.
Para isso temos ouvidos, bocas e olhos,
Não sejamos injustos com a vida
Que nos deu mãe, pai, filhos,
e discernimento
Para entender esse convívio,
Criou em nós a capacidade de amar
De desejar, de querer, e deu, embora
Desconheçamos tantas vezes, o poder
De perdoar e continuar amando.
Vem, porque todos os motivos
Levam ao mesmo caminho,
Todos os dias levam ao mesmo destino,
Todo o presente é somente hoje.
Todo o passado vive sob nossos pés,
E todo o futuro está em nossas mãos!
E se chorarmos amanhã nossas ausências,
Se sentirmos no peito e na sala um vazio irreversível,
Teremos nossas lembranças como
O presente que construímos agora,
Com o desejo de desabrochar sorrisos!


(Joana Prado)


voltar última atualização: 01/08/2007
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