A Garganta da Serpente

Joana Prado

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Estação

Meu coração, antes inquieto, agora queda sereno.
Não esta tranqüilo, mas torna-se
humilde ao que se anuncia.
É certo o indesejado momento
Mas há os fatos, a vida, as regras
sem nenhuma ação
acomoda-se o meu coração triste,
E, cabisbaixo, deixa passar
o último trem que leva a ti.
Depois, sagrando mansinho,
se recolherá ao meu peito
e esse se fechara até nova primavera...
Quanto ao que vai em ti, não me arrisco a prever.
tenho medo de imaginar cenas
não fecho mais os olhos para buscar teu rosto...
se nele vejo tua boca em outras,
teu olhar mergulhado noutra face...
por isso sigo meu Amor, e , aos poucos,
com ele me recolho, escondo-me
do que não quero, mas não posso evitar...
Sinto que meu coração se acalma,
é o presságio.
Não sei traduzir, ou não quero, essa anunciação,
Como fora um dia, antes que teus olhos penetrassem
a minha alma e se oferecessem para aquecê-lo...
Mas não te preocupes, mergulha no teu mundo,
Embebe-te de sonhos antigos
Aconchega-te em lençóis que cheiram a guardado
Penetre almas das quais já conheces as trilhas
E vais ficando pelos teus caminhos, pelas tuas veredas, sem volta.
E aquilo que tua boca nega, meu coração sente.
O que teu olhar oculta, meus olhos desmascaram.
Assim será o instante último da nossa história.
Depois, divididos os prejuízos e somadas as mágoas.
Seguiremos caminhos opostos
que nos conduzirão ao esquecimento.
Vais precisar dos encantos do teu mundo
Vou precisar do escuro do meu quarto


(Joana Prado)


voltar última atualização: 01/08/2007
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