A Garganta da Serpente

Joana Prado

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Hipólita

Há de se mostrar um dia
tua face primeira
hei de ver nesse rosto
um sorriso verdadeiro
porque sei que a máscara última
é, como todas, clichê
Nesse poço frio e fundo, oculto
há sim, que eu sei, algo grandioso e puro
Esta tua carapaça, nada mais é
senão medo.
nesta ironia constante, nada
mais há que defesa.
E no primeiro deslize
do teu escudo ao chão,
eu, cristal puramente em mim,
mirarei sem dó nem erro,
o teu bem mais precioso,
e ao ver-te tombar ferido,
te incendiarei o castelo,
estraçalharei tuas vestes,
desnudando teus segredos
e nada mais restará senão
teu indefeso apelo!
Eu, amazona que sou,
A ti não temo, cavalheiro!


(Joana Prado)


voltar última atualização: 01/08/2007
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