A Garganta da Serpente

João Cony

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Um martelo no muro

A angústia molesta, cobrando pelo tempo na lua, pelos gritos nas ruas.
Oprimido poeta ébrio desagasalhando a alma à procura de si.
Cantando para muros que sequer perguntavam-se: "o que ele tenta nos dizer?"
Nos discursos escandalosos, nas discussões ferrenhas, no vômito de sua bílis,
nas macaquices ridículas, nos estupros do choro, na dor digerida com orgulho,
no peso do vazio, na falta de atitude, na alma calada, na indecência obscena,
no amor-próprio esvaído, na conduta preguiçosa, nos sonhos utópicos:
seus vícios prenhes abortando a paz.
A estética falida, a música triste, os amigos vivos que não existem.
Dono apenas do seu caos solitário e sem voz.
Preenche seu dia irritando-se.
Ofegante telefone silencioso.
Coração das horas.
Egoísta esperando afago em seu ego.


(João Cony)


voltar última atualização: 17/07/2009
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