A Garganta da Serpente

João Júlio

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Belle majestade

Ela caiu na conversa mole
Que a riqueza compra todos os sonhos
E a beleza abre todas a portas
Neste mundo duro e cruel.

Fechou os olhos pra dor e se jogou
Vendendo o bem que tinha
E tomando o que não lhe davam
No dia ficou sozinha
Na noite virou escrava.

Perdeu o juízo na esquina
E ganhou nome na praça.
Num salto abandonou a menina
Aprontou muito com sua graça.

O nome que lhe deram
De não usar, esqueceu
Com o dinheiro que lhe pagaram
Comeu, sorriu e bebeu.

Nos bares e na noite
Andou de mãos dadas com o pecado.
Flertou com o luxo e o poder
E de papel passado se casaram.

Hoje é madalena
Madame plena.
Maria vai com outros
Tantos e tontos
Não resistem aos seus encantos
Muito menos à sua tenra carne.

Ela berrava aos quatro ventos:
Se os homens são tolos
E não sabem conquistar
Então que paguem por meu corpo
E vivam sempre a errar.

Ouvi suas palavras
À meia luz ouvindo o som de uma vitrola
Despejou suavemente em meus ouvidos
Toda a sua manha em forma de glória.
Piscando saiu, ensaiando um convite
Mas fiz sinal que já tinha meu copo de uísque
E que nos versos contaria a sua história

Eva! Me perdoe pela descrença
Mas a tua tentação é pouca
Perto dessa belle-majestade.


(João Júlio)


voltar última atualização: 19/01/2009
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