Belle majestade
Ela caiu na conversa mole
Que a riqueza compra todos os sonhos
E a beleza abre todas a portas
Neste mundo duro e cruel.
Fechou os olhos pra dor e se jogou
Vendendo o bem que tinha
E tomando o que não lhe davam
No dia ficou sozinha
Na noite virou escrava.
Perdeu o juízo na esquina
E ganhou nome na praça.
Num salto abandonou a menina
Aprontou muito com sua graça.
O nome que lhe deram
De não usar, esqueceu
Com o dinheiro que lhe pagaram
Comeu, sorriu e bebeu.
Nos bares e na noite
Andou de mãos dadas com o pecado.
Flertou com o luxo e o poder
E de papel passado se casaram.
Hoje é madalena
Madame plena.
Maria vai com outros
Tantos e tontos
Não resistem aos seus encantos
Muito menos à sua tenra carne.
Ela berrava aos quatro ventos:
Se os homens são tolos
E não sabem conquistar
Então que paguem por meu corpo
E vivam sempre a errar.
Ouvi suas palavras
À meia luz ouvindo o som de uma vitrola
Despejou suavemente em meus ouvidos
Toda a sua manha em forma de glória.
Piscando saiu, ensaiando um convite
Mas fiz sinal que já tinha meu copo de uísque
E que nos versos contaria a sua história
Eva! Me perdoe pela descrença
Mas a tua tentação é pouca
Perto dessa belle-majestade.
(João Júlio)
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