A Garganta da Serpente

Joaquim Baslo

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Duas Pontes

Consegui recuperar o que restou da minha estrutura.
Recolhi cada parte como pude
Cacos e areia numa mão e outra.
Nos pulmões a poeira que subiu da queda.

Agora procuro algo que se esconde.
Procuro dentro de mim algo que não se arranca.

É preciso alguém para colocar as mãos na minha boca
E abrir as duas partes além do fim.
Para que, fazendo força para morder,
Eu consiga fazer força para viver.

A saliva descerá pelo canto;
Lágrimas surgirão de cima
Misturadas com suor e sangue.

Aguardarei que minha alma também apareça
Nesta agonia entre a vida e a morte
Para que me mostre o que procuro.

E ela surgirá dizendo:
É preciso... É preciso... É preciso.

E, no final, será isto que verei:
É preciso... É preciso... É preciso.
Eu espero.


(Joaquim Baslo)


voltar última atualização: 12/04/2005
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