A Garganta da Serpente

Joaquim Baslo

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Sobre o Vento

Eu era o último menino que o ônibus da escola deixava em casa.
Nessa viagem de volta, eu gostava de por a cabeça para fora da janela E, como um cachorro, ficar sentindo o vento
Que me obrigava a apertar os olhos.
Que acordava meus cabelos e ressecava meus lábios.
Que falava aos meus ouvidos:
- Vem tormenta, Joaquim, vem tormenta.
Coisas que eu não compreendia.

Na janela do carro, são poucos os cabelos para desarranjar
E os anos já ressecaram meus lábios.
Com a cabeça para fora, lembro-me daquele tempo
E sinto novamente o vento
Soprando palavras novas e velhas.
Tentando novamente me dizer coisas
Sobre o que vem e o que se foi
Mas é tudo difícil demais para eu compreender.


(Joaquim Baslo)


voltar última atualização: 12/04/2005
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