DESEJOS DEDILHANDO
Coro de sensações inebriantes
Emergem do meu ser em sexta
São alguns raros, breves instantes
Que felizes deslizam em festa
Chuva forte no asfalto tamborila
A mente viaja por descaminhos
O frescor da maturidade aniquila
O tempo ruim vivido sem carinhos
Árvores respingam liberdade
Passos sabem certeza do amor
Misturam-se sonho e realidade
É um adeus ao tempo do horror
E a doce dádiva do entusiasmo
Espraia arrepios pela nuca afora
Agradecido eu penso e pasmo:
Nunca foi como está sendo agora!
Antes a vida era um negro desaforo
Hoje linda e merecida homenagem
Todos os anjos cantam em coro
Nosso reencontro nesta viagem
A ternura bordando gestos amenos
Arrepios costurando velhas mazelas
Beijos desfragmentando todos somenos
Abraços cicatrizando antigas seqüelas
De repente, igual a jovem, me vi amando
Espantei-me com o meu não-espanto
Meus desejos ficam ágeis, dedilhando
Os belos poros gentis do seu corpo santo
(Jocimar Álvares Bueno)
|