A Garganta da Serpente

Jocimar Álvares Bueno

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PAI HERÓI

Preguiçosamente, quando a tarde
Resolve apresentar-se triste e mansa
Desperta o peito do poeta e arde
E sempre, e novamente a esperança

É quando o Vô vai até a geladeira
Fatia um pedaço de aromático queijo
Prepara-o com capricho à sua maneira
E degusta-o como a um bom beijo

Liga o som e ouve um animado chorinho
Espalha um guardanapo no branco peito
Desarrolha uma garrafa de branco vinho
O sentir-se privilegiado e feliz já está feito

Chama: "Iá", mostra a particular oferenda
Que está uma delícia, orgulhoso garante
Voa a mente para algum imposto de renda
Ou rodamoínha para algum neto distante

Terminada a saborosa refeição de bom gosto
Impelido pela pressa das elétricas rodinhas
Nos pés, ilumina o olhar, altiva o bonito rosto
E sai para a rua para dar suas diárias voltinhas

A noite chega, infalível, estrelada e densa
Ele retorna, com a conduta sempre sincera,
Para casa e para a "Iá", seu amor e sua crença
Que já se preparou para estar à sua espera

Mais tarde, sem mágoa, com fé e sem bronca
Retém na retina uma generosa e forte luz
Liga o rádio, ora muito, adormece e ronca
Enquanto se desloca e conversa com Jesus.


(Jocimar Álvares Bueno)


voltar última atualização: 10/05/2007
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