A Garganta da Serpente

Joe Rosa

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SALMO DA VOLÚPIA

Eu sou da minha amada
E ela tem saudades de mim
Vem, minha querida,
Que te espero no leito de delícias
Preparado para acolher todo o vapor
Que de tuas coxas emana.
As paredes de minha câmara,
Outrora brancas, são agora carmesim
Pois o meu corpo é chama.
Te deixarei em espasmos
Vermelhando a carne nívea
Teus gemidos invadirão a cidade
E todos se entregarão à lascívia.
Passearei em teu corpo,
Relevo de curvas sinuosas,
Em tua boca farei longa pausa
Descansando-me em teus lábios
Que tem a textura da rosa.
Com a língua rodearei teus seios
Num vagaroso contorno,
Como quem desenha um anel
Até alcançar tuas tetas
Que em meus lábios famintos
Terão a doçura do mel.
Depois de saciado,
Mas ciente de outras iguarias,
Tomarei o rumo sul
Fazendo um longo caminho
Até encontrar teu umbigo
Que é taça do mais puro vinho.
Eu tua cintura de leveza fina,
Onde reside a bailarina,
Abraçarei bem forte,
Mergulhado em teu calor,
Entregando-me à própria sorte.
Ao encontrar (tua) púbis
Qual margem de um caudaloso rio
Já não estarei tão dócil,
O teu amante suave e meigo
É agora leão no cio.
 

Em carne macia coberta de veludo
Como um delta escorregadio
Descobrirei-me em teus negros pentelhos
Deslizando a língua trêmula
Que louca encontra teu tenro grelo
E ali sem nenhuma pressa
Farei uma longa carícia,
Até que você enlouqueça.
Agora, quando muito próximo
Do desejado gozo final
Darei um desvio travesso
Sabendo que ao longo do regaço
Há fontes de intensa delícia
Onde, em êxtase, me submerjo.
Em tua voluptuosa bunda,
Maçãs gêmeas enfeitiçadas,
Me agarrarei como um náufrago
Que não carece ser salvo.
Afogarei-me em seu poço mais fundo
para depois ressurgir-me em delírio
De quem conheceu outro mundo.
Tomado de frenesi por inteiro
Retornarei à fonte do desvio
Como que indo ao encontro
Do suspiro derradeiro.
Estarás mergulhada em caldeira,
Uma serpente em convulsão,
Querendo ser tragada inteira.
Chamando-me, doida, ávida,
De dentro de tua buceta
Linda, cálida.
 

Vem, minha querida,
Que te espero
No leito de delícias.


(Joe Rosa)


voltar última atualização: 04/12/2001
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