A Garganta da Serpente

Jô Oliveira

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Olhos gagos

Olhos retóricos...
que dizem tudo e confundem.
Contraditórios como a natureza humana.
Do outro lado, olhos gagos,
Que ainda assim se expressam com clareza.
Mais do que se pode crer.

Vidas paralelas que se cruzam,
Em um cenário inimaginável...
Acaso? Destino?
Dúvidas.

Medo do que se sente...
Medo do que possa se tornar;
Medo, só medo.
Medo que não paralisa,
Só leva para mais longe,
em busca do desconhecido.

O desconhecido fascina e amedronta,
Mais fascina que amedronta.

Às cegas me entrego,
sem saber o que acontecerá,
Mas com a vontade incontrolável...
de atirar-me num rio com os dois pés,
sem conhecer a profundidade...
ainda que haja o risco de morte,
uma morte figurada, conotativa,
tal qual o rio.

Estaria eu enlouquecendo?
Por onde anda a razão?
Que sempre andou comigo de mãos dadas...
Agora solta minha mão,
E me deixa no escuro,
sem rumo e referência.

Em meu âmago,
pedi a ela, secretamente,
que o fizesse...
Arrependerei-me?
Talvez...
Mas como saber sem fazê-lo?


(Jô Oliveira)


voltar última atualização: 25/03/2008
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